Podologia Infantil

A estrutura do pé infantil é bastante frágil. Ao nascer, as deformidades dos pés estão relacionadas à posição intra-uterina forçada. Apenas algumas pequenas porções do esqueleto do pé e tornozelo estão ossificadas, sendo que sua maior parte é constituída por cartilagem. Até os oitos meses de idade os ossos são relativamente largos e de contornos arredondados. O bebê passa a maior parte do tempo deitado, e nessa fase é aconselhável que esteja descalço em casa ou quando a temperatura ambiente permite.

A ossificação vai ter lugar até os seis anos de idade, quando atinge forma semelhante ao adulto. A formação final tem lugar entre os 14 e 20 anos.

As crianças até 2 anos devem ser estimuladas a andarem descalças para exercitarem a musculatura de seus pés.

 

CALÇADOS INFANTIS:

O estudo do pé infantil tem sido uma preocupação para algumas marcas de calçado infantil, porque o uso de calçado inadequado pode provocar deformações permanentes.

O calçado deve ajustar-se corretamente no comprimento e na largura, acomodando os dedos em posição natural, permitindo os movimentos do pé. Deve existir um pequeno espaço na frente.

Escolha o tamanho de modo que entre a ponta do calçado e as pontas dos dedos haja pelo menos de 1,0 a 1,5 centímetros (uma polpa digital), para acompanhar o deslocamento do pé ao caminhar. É muito importante que os calçados tenham a forma dos pés e não que os pés deforme-se para caberem nos calçados. Calçados apertados e pequenos causam deformidades nos pés.

A forma deve ter um bom encaixe do calcanhar para segurar o pé dentro do calçado, evitando fricções. Os ligamentos são bastante frouxos e elásticos, fazendo com que os pés tenham uma mobilidade e flexibilidade muito grande. A criança que já caminha precisa de uma sola um pouco mais grossa, firme e um tanto flexível para que ela possa sentir as irregularidades do chão.

A sensação destes estímulos é importante para desencadear os reflexos nervosos que vão ativar a musculatura, melhorar o equilíbrio, a postura e o desempenho funcional dos pés. Um dos problemas mais freqüentes é o chamado pé plano (pé-chato), que causa dificuldades no movimento da criança.

A criança tem tendência a formar o pé plano (é uma debilidade dos músculos e dos ligamentos que unem os ossos sobre os quais se apóia todo o corpo). Nas crianças os arcos plantares surgem por volta dos dois anos, mas consideramos normal que surjam até os 3 anos de idade.

IMPORTANTE: Sapatos foram feitos para agasalhar, acariciar os pés e jamais maltratá-los. Os calçados inadequados podem causar ou agravar problemas já existentes.

 

MEIAS:

Devem ser trocadas diariamente. Meias de algodão podem ajudar a manter os pés secos, pois absorvem a umidade. Meias de lã pesadas podem aumentar o suor. Se os pés suam muito, troque as meias duas vezes ao dia. A meia deve ser aproximadamente 2 cm mais comprida que o pé.

O ambiente quente e úmido dentro dos sapatos facilita e promove o crescimento bacteriano e fúngico na pele e unhas dos pés. O odor resulta da multiplicação desses organismos. O tratamento eficaz depende da eliminação desses agentes infecciosos.

 

TÊNIS:

A transpiração dos pés cria condições perfeitas para que os fungos desenvolva-se dentro do tênis, principalmente quando este acaba ficando úmido e fechado no armário após os exercícios diários ou finais de semanas, resultando em mau cheiro (chulé) que, mesmo sendo inconveniente, geralmente não recebe muita atenção.

Deve-se higienizar, e depois do uso deixar ao sol para secar e arejar.

 

PODOPATIAS MAIS COMUNS NA INFÂNCIA:

Verruga Plantar (Olho de Peixe)

São tumores epidérmicos de origem virótica causados pelo vírus classificado como HPV – Papiloma Vírus Humano. São agentes diminutos, contagiosos e invisíveis. A Verruga Plantar geralmente acontece em crianças por não terem o sistema imunológico completamente desenvolvido, localizando-se nas áreas de maior pressão, apresentando-se amareladas, pouco salientes e tendo, à primeira vista, um aspecto de calosidade (vulgo “olho de peixe”). Causam dor intensa, prejudicando o apoio do pé e dificultando o caminhar, podendo apresentar-se em um só pé, ou em ambos e, por vezes, em quantidades maiores do que uma. Conselhos úteis para os pais: evitar andar descalço em volta da piscina, no banheiro para evitar o contágio. As partes comprometidas não devem entrar em contato com outros tecidos sadios, assim, deve-se evitar o contato da verruga com os dedos ou mãos.

Pé de Atleta ou Frieira em Crianças e Adultos

É uma micose bastante comum, sendo que no verão, pelo calor e umidade, há possibilidade de pioras ou recidivas. É mais comum no adulto, embora se tenha notado um aumento na infância nos últimos anos, provavelmente pelo uso de tênis e meias grossas que aumentam a sudorese e a maceração dos pés. As localizações mais comuns são as plantas dos pés e os espaços interdigitais dos três últimos dedos, sendo menos comprometidas as dobras das unhas e o dorso dos pés.

Bolhas

Acúmulo de fluído entre as camadas interna e externa da pele, devido ao excesso de fricção, usa de calçados apertados, queimaduras ocasionadas pelo frio, calor ou muito sol, doenças na pele, alergias e irritações na pele provocadas por agentes químicos. Evite furar as bolhas, pois isto aumenta a possibilidade de infecção. Não mexa na bolha por 24 horas para permitir que seja curada por si só. Elas secarão e a pele se desprenderá em uma a duas semanas. Enquanto isto, proteja a área colocando um anteparo com uma abertura no centro, sobre a bolha.

Unha Encravada

Os pacientes infantis que nos procuram apresentam problemas de onicocriptose (unha encravada), ocasionados geralmente devido ao Traumatismo ou Pressão. O traumatismo é causado por tropeções, quedas de objetos sobre a unha, corte incorreto da unha feito com tesouras ou alicates, causando lesões.

A pressão também ocasiona alguns problemas, pois quando é exercida por meias (pequenas ou grossas), pressionam a pele das bordas ungueais, e por calçados (quando justos, estreitos, ou de ponta fina), não só exercem pressão sobre a pele, como também sobre a placa ungueal, resultando na penetração de uma espícula (pedaço de unha) no tecido circunjacente.

Em geral, há infecção e formação de tecido de granulação exuberante (granuloma piogênico ou carne esponjosa) avermelhada e dolorosa, que é composta por pequenos vasos capilares que recobrem o sulco ungueal, projetando-se sobre a lâmina ungueal. Essa granulação é muito sensível e, quando tocada, rompe e sangra facilmente. Devemos proceder sem que haja esforço para o desbastamento, propiciando, assim, menos risco de ferimentos.

Através da técnica denominada Espiculectomia (remoção da parte da unha que está encravada), usando instrumentais adequados, o podólogo é capaz de solucionar o problema facilmente.

Órteses – Na Podologia fazemos o uso de órteses para correção da lâmina ungueal com curvatura acentuada ou encravada. A aplicação da órtese é indolor e proporciona excelentes resultados, fazendo com que a lâmina deformada volte ao formato normal. Em paciente infantil o melhor é aplicar a órtese para correção da lâmina sem dor.